30/05/2019

Audálio Dantas, presente

Neste 30 de maio completa-se um ano do falecimento do jornalista Audálio Ferreira Dantas, que completaria seus 90 anos no dia 8 de julho. Alagoano, natural de Tanque D’Arca, conheceu São Paulo ainda menino, aos cinco anos. Somente sete anos depois retornaria à capital paulista, onde passaria a maior parte de sua vida.

Autodidata, foi jornalista de profissão. Começou trabalhando com o ítalo-brasileiro Luigi Mamprin em um laboratório de fotografia na "Folha da Manhã" (atual "Folha de São Paulo") em 1954. Não tardou para que começasse a acompanhar os repórteres na rua e desenvolvesse suas próprias reportagens.

Com passagens por "O Cruzeiro", "Quatro Rodas", "VejaSP", entre outros, sempre exerceu com ética a profissão jornalística, produzindo matérias por todo o Brasil. Considerada por ele como a reportagem mais relevante de sua vida, ajudou a organizar os textos da escritora e poetisa Carolina Maria de Jesus que resultaram em diversos livros, como “Quarto de Despejo”.

Em 1956, viajou até Paulo Afonso, na Bahia, para cobrir a inauguração da hidrelétrica em São Francisco, oportunidade na qual retornou com outros dez textos sobre pautas apuradas no local. Também produziu uma série de reportagens sobre o quase desaparecimento da cidade de Canudos em decorrência da represa do rio Vaza-Barris.

Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) entre 1975 e 1978, foi fundamental na denúncia das violências cometidas pelo Estado contra jornalistas – destacando-se a mobilização realizada pelo assassinato brutal de Vladimir Herzog, que resultou no culto ecumênico da Sé, momento essencial do caminho para a redemocratização no país.

Foi um dos criadores do jornal “Unidade” do SJSP, pelo qual recebeu o Prêmio Indignação-Coragem-Esperança em 2017. No mesmo ano, foi homenageado com o Prêmio Averroes por seu espírito compartilhador e sua contribuição ao Brasil. Na ocasião, declarou: “Meu patrimônio é a minha história, meu único cabedal”.


Audálio ao lado de amigos, familiares e admiradores. À sua frente o primeiro Prêmio "Indignação-Coragem-Esperança". Foto: Wanderley Oliveira e Cadu BAzilevsky.

Audálio Ferreira Dantas deixa um amplo legado sendo referência na luta contra a ditadura, na combatividade como sindicalista, na prática da ética como jornalista, no embate pelos direitos humanos e pela democracia. É autor dos livros “As duas guerras de Vlado Herzog: da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil”, “Tempo de reportagem”, “Repórteres”, “O menino Lula”, entre outros.

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