27/10/2021

Chega ao fim o 20º módulo sobre cobertura de guerra e conflitos armados

Vinte anos de colaboração. Mais de 600 repórteres formados. Em 2021 a OBORÉ celebrou o vigésimo aniversário do curso sobre cobertura de guerra e situações de violência, um dos módulos do Projeto Repórter do Futuro, realizado com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). A edição que marca as duas décadas de parceria se encerrou neste sábado, 23/10, com a presença de ex-alunos do curso, que compartilharam um pouco de suas trajetórias profissionais.

"Eu tinha afinidade com direitos humanos, mas com pouca clareza do que sejam os direitos humanos e o curso foi muito importante para mim. Acho que foi um primeiro contato muito consistente com uma formação conceitual", disse a jornalista e apresentadora Gabriela Mayer, que participou da sexta edição, em 2007.

Quando fez o Repórter do Futuro, ainda no segundo ano da faculdade, Mayer se sentia um pouco perdida na profissão. A mesma sensação foi ressaltada por outros estudantes ao longo da conversa.

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Participante da nona edição, a jornalista Géssica Brandino estava no último ano da faculdade quando conheceu o Repórter do Futuro. Foi a partir das discussões sobre Direito Internacional Humanitário que ela mergulhou na cobertura sobre refugiados. Dessa experiência surgiu o tema de sua pós-graduação, um livro intitulado "Caminho do Refúgio" e um site, de mesmo nome, onde Brandino publica artigos sobre o tema.

"A gente não tem muita dimensão [sobre os deslocamentos internos] no contexto brasileiro, porque não vivenciamos uma realidade de guerra. Mas ouvir uma pessoa que passou por essa situação e tentar entender quais foram as formas como ela conseguiu lidar, amplia seu olhar de uma forma sem igual", disse.

Um depoimento em comum entre os participantes, tanto antigos quanto atuais, diz sobre a possibilidade de se aproximar do fazer jornalístico e também ter a chance de refletir sobre a profissão.

"Na redação a gente é muito engolido pelos processos e não paramos para pensar nos processos. Uma coisa que me move é pensar sobre o que estou fazendo", comentou Mayer.

O jornalista Stefano Wrobleski conta que, no terceiro ano de faculdade estava vivendo uma crise também, sem saber se tinha escolhido o curso certo para sua vida. Passados mais de dez anos de formação, hoje Wrobleski destaca que nem tudo é crise, mesmo que existam dificuldades dentro da profissão.

"Penso que talvez daqui há alguns anos vocês olhem para trás, para esse momento super difícil de pandemia e tenho certeza de que [esse período agora] vai marcar a caminhada para o que vem no futuro", comentou Wrobleski.

Ele aponta que fica emocionado ao relembrar o quanto a experiência no curso foi significativa para sua própria trajetória. "Acho que é bonito ver como o projeto continua, foi tão importante ali atrás e continua formando novas gerações. Talvez daqui a dez anos vocês estejam [nesse lugar que estou] para fazer um pouco dessa troca e ver como as coisas vão fazendo sentido, mesmo que não em um sentido tão direto", disse.

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Os convidados reforçaram que, apesar da temática ser sobre cobertura de conflitos armados, os estudantes não necessariamente precisam trabalhar com esse tema em específico, assim como eles próprios não o fazem no seu dia a dia. Gabriela Mayer trabalha com hard news, Géssica Brandino é repórter de política e Stefano Wrobleski trabalha com questões socioambientais.

Para eles, o tema dos direitos humanos e o arcabouço conceitual trabalhado ao longo do módulo servem para o trabalho cotidiano, em diferentes editorias, devido a importância de valorizar sempre o aspecto humano nas histórias que os repórteres contam.

"Você não precisa trabalhar exclusivamente com conflitos armados para ver como esse curso faz diferença em toda a formação e na abordagem de diferentes temas que você vai encontrar no jornalismo", afirmou Wrobleski.

A edição de 2021 foi coordenada pelo jornalista e professor Aldo Quiroga, que também mediou a conversa deste sábado. Ele coordena o módulo desde 2014.

Também participaram da conversa de encerramento a diretora da OBORÉ Ana Luisa Zaniboni Gomes, a coordenadora de comunicação do CICV Sandra Lefcovich, os assessores de comunicação Diogo Alcântara e Gabriela Borelli, além da secretária executiva do Projeto Repórter do Futuro Cristina Cavalcanti.

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