08/10/2021

Conflitos armados na Colômbia são tema de entrevista no Repórter do Futuro

Ruam Oliveira | OBORÉ Projetos Especiais

Lorenzo Caraffi chefe de delegação CICV
Desde 2016, quando o acordo com as FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – foi assinado, a grande maioria dos países considerou que a nação colombiana passou a viver em paz.

Em atividade do Projeto Repórter do Futuro, Lorenzo Caraffi, chefe da delegação do CICV na Colômbia, afirmou que esta é uma falsa impressão sentida pela comunidade internacional ou até mesmo por aqueles que vivem em Bogotá, capital colombiana, ou regiões mais centrais do país. Nas áreas rurais e regiões mais afastadas do centro a realidade é outra.

"A percepção é de paz, mas infelizmente não é assim. As consequências dos conflitos não internacionais estão subindo. Existem hoje pelo menos cinco conflitos armados não internacionais na Colômbia", afirmou o chefe de delegação.

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Se comparados os cenários, Caraffi explica que em 2002 havia uma realidade de conflito geral, que era sentida por toda a nação. Todavia, apesar de desfeitas as ações das FARC, o grupo não se desmobilizou completamente, abrindo dissidências e emergindo outros conflitos.

As reformas estão ocorrendo atualmente têm aumentado os protestos no país e aumentado o clima de polarização. Tais manifestações já existiam há alguns anos e foram exacerbadas pela pandemia, de acordo com Lorenzo.

O clima político-social local, junto com a existência de conflitos armados não internacionais, são pontos de atenção para o CICV. O cenário de conflitos preocupa a instituição porque pode afetar diretamente a prestação de assistência às vítimas desses conflitos.

O que o CICV faz na Colômbia?

A organização identificou que os indicadores de ataques à proteção médica aumentaram. Os confinamentos - quando uma comunidade não pode sair de seu território, por exemplo - aumentaram em 70%. "Tudo isso mostra uma deterioração e [nos] preocupa porque não há muita visibilidade, nem mesmo na Colômbia. A imprensa não mostra tanto. Estamos tentando mostrar mais, mantendo sempre o princípio de neutralidade", disse.

A Colômbia é um dos poucos países onde o CICV faz um relatório avaliando as possibilidades e estatísticas de conflitos para o ano seguinte. "Não temos razão para sermos otimistas", pontuou Caraffi.

Apesar disso, o chefe de delegação aponta que a organização consegue transitar bem pelo território e realizar as ações de ajuda humanitária necessárias.

"Do ponto de vista do CICV, a sorte é que estamos aqui há 52 anos. Os comandantes mais velhos nos conhecem muito bem, sabem como são nossos princípios, e isso permite que, apesar da situação, a aceitação do CICV seja muito alta. Temos um nível de diálogo com os grupos armados que é muito bom, que nos permite fazer o que nos cabe", disse Caraffi.

Na Colômbia, o CICV protege civis, ajuda pessoas deslocadas e comunidades afetadas pelo conflito. Também visita detidos, promove o Direito Internacional Humanitário (DIH), ajuda pessoas afetadas pela contaminação por armas e coopera com a Cruz Vermelha Colombiana e outros membros do Movimento ativos nesse país.

Os repórteres do futuro participam, no próximo sábado, dia 9, de mais uma conferência que vai tratar sobre a atuação do CICV pelo mundo. Desta vez, o foco é a região sul africana. Trata-se de uma forma de aproximar futuros jornalistas de situações reais e, com isso, ampliar o repertório de entendimento sobre a cobertura jornalística em áreas de conflito.

Confira a programação do curso

11/09 - O trabalho do CICV no Brasil e no mundo e suas principais preocupações humanitárias em 2021 – Chefe da Delegação Regional do CICV para a Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Alexandre Formisano.

18/09 - Introdução ao direito aplicável nos conflitos armados – Jurista especialista em Direito Internacional Humanitário, Tarciso dal Maso Jardim.

25/09 - Normas internacionais aplicáveis à função policial no uso da força e armas de fogo - Responsável Técnico do Programa com Forças Policiais e de Segurança do CICV, Paulo Roberto Oliveira.

02/10 - Volta ao mundo: o CICV em diferentes continentes - Oriente Médio.

09/10 - Volta ao mundo: o CICV em diferentes continentes - América Latina e África.

16/10 - Cobertura da imprensa brasileira de temas humanitários.

23/10 - Encerramento do curso: avaliação e diplomação dos estudantes.

Mais informações

OBORÉ – Projetos Especiais em Comunicações e Artes

Tel: (11) 2847.4567, WhatsApp: (11) 99320-0068

Email: reporterdofuturo@obore.com

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