Confusão de conceitos e pesquisas escondem o Brasil rural
A definição equivocada de "cidade" pode levar o Brasil a ser o primeiro País do mundo com população 100% urbana. O absurdo deve-se aos conceitos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), respaldados em um Decreto de Lei de 1938, assinado no auge do Estado Novo, durante o Governo Getúlio Vargas.
A imprecisão do Censo Demográfico baseado nestes critérios tem gerado desigualdade na distribuição de recursos, dificuldades na elaboração de políticas públicas, além de estabelecer conceitos equivocados em uma fonte primária de pesquisa, como é o IBGE.
Segundo este critério, todas as sedes municipais e distritais do País devem ser consideradas como centros urbanos, ainda que a maioria de sua população seja de agricultores. Um dos exemplos da confusão que impera na definição de campo e cidade é o caso do município gaúcho de União da Serra, há 250 quilômetros de Porto Alegre, onde os 18 moradores da região central da cidade são considerados moradores de um centro urbano.
Este balaio de gatos com os números é contestado pelo professor do Departamento de Economia da USP, José Eli da Veiga, no seu último livro "Cidades Imaginárias – O Brasil é Menos Urbano do Que Se Calcula". A publicação é composta por 60 dos 120 artigos publicados pelo pesquisador no jornal O Estado de S. Paulo até o final do ano de 2001.
Segundo Veiga, a revisão destes números "mudaria nossa visão sobre a configuração territorial de todo o Brasil e, principalmente, as tendências do desenvolvimento para os próximos anos".
"Cidades Imaginárias" será lançado no próximo dia 21 de maio, às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Vila Lobos, em São Paulo, com a presença dos sociólogos José de Souza Martins e Ricardo Abramovay, além do autor, José Eli da Veiga.
A Voz da Contag, programa de rádio do Sistema Contag de Comunicação, traz na sua edição 472, uma Carta Falada de 15 minutos do autor. O programa também pode ser ouvido através do endereço www.obore.com, através do ícone "programas de rádio" e, na sequência, "A Voz da Contag".
