Praça Memorial Vladimir Herzog virou Ponto de Cultura!
No último domingo, 24 de novembro, aconteceu mais um "Todo Mundo Tem que Falar, Cantar e Comer!" na Praça Memorial Vladimir Herzog. O evento marcou uma importante conquista: a Praça foi oficialmente certificada pelo Ministério da Cultura do Governo Federal como Ponto de Cultura, coordenada pelo Coletivo Associação de Amigos da Praça Vladimir Herzog (CAAPVH). Os presentes puderam curtir a apresentação musical de Maurício Pereira e Tonho Penhasco, conhecer os livros de Dácio Nitrini e Rosa Artigas, estampar camisetas com o muralista chileno Mono González e provar o prato saboroso do dia preparado por Og Doria. Tudo na base do 'quem pode paga, quem não pode pega'.
Público presente na edição de novembro posa para foto na Escadaria da Liberdade. Foto: Sérgio Decourt.
“Depois de três anos de atividades regulares de música, comensalidade, artes plásticas, teatro, encontros, nós levantamos essa documentação toda e agora a Praça Vladimir Herzog é oficialmente reconhecida como ponto de cultura”, afirmou Sergio Gomes, diretor da OBORÉ e o principal articulador das 23 entidades parceiras que integram o coletivo.
Para essa certificação, foi criado um portfólio com registros e documentos de todas as atividades que aconteceram ao longo dos anos ali no local. Com isso, o coletivo poderá concorrer em editais e obter recursos para as melhorias físicas e apoiar as atividades culturais no espaço de memória e de cultura da Praça. Vale lembrar que a Praça já era reconhecida pelo Ponto de Memória pelo Ibram – Instituto Brasileiro de Museus desde 2023.
O que rolou no domingo
A programação do domingo contou com a participação dos músicos Maurício Pereira e Tonho Penhasco tocando sucessos como “Não me incommodity”; “Criancice” e “Deixa eu te dizer”. A diversidade do público ficou estampada na Escadaria da Liberdade que, durante o show, se transforma em arquibancada: a população em situação de calçada que vive na Praça e redondezas, estudantes de jornalismo que já participaram do projeto Repórter do Futuro e também os “pais de pets” que têm a Praça como espaço de passeio, assistiram o show.
“O que muda muito é que quando a gente toca nos teatros, nos festivais, nas instituições tipo Sesc, o Sesi, Itaú Cultural, o show é mais formal, e o público que vai é mais habituado a frequentar teatro. Quando a gente vai pra uma praça, tem um público diferente que vem: tem gente que frequenta a praça, tem gente que não conhece um tipo de música como o meu. Então eu mesmo tenho que conversar de um outro jeito com o público”, refletiu Maurício Pereira, artista paulistano que apresentou músicas de seu disco “Micro” lançado em 2022 em parceria com Tonho Penhasco. Juntos, revisitam, com olhar minimalista e centrado na guitarra de Penhasco, o repertório dos mais de 40 anos de carreira de Maurício.
O muralista e trabalhador da arte Mono González realizou uma oficina de serigrafia e expôs trabalhos de um coletivo de artistas gráficos chilenos promovida pela galeria de arte Taller del Mono. González será o artista responsável por um novo mural na Praça Vladimir Herzog.
“Hoje estamos nesta Praça porque há um projeto para pintar um mural aqui [na Praça] e estamos esperando a permissão. Enquanto não temos a permissão, instalamos uma exposição de posters em comemoração aos 50 anos do Golpe no Chile [em 1973]”, explicou González.
Mono González durante oficina de serigrafia na Praça Memorial Vladimir Herzog. Ao fundo exposição de posters em comemoração aos 50 anos do Golpe no Chile em 1973. Foto: Sergio Decourt.
O jornalista Dácio Nitrini lançou seu livro “1924 Tenentes Rebeldes” e a historiadora Rosa Artigas expôs seu livro “Virgínia Artigas: Histórias de arte e política”, além de exemplares de “A mão livre do vovô”, de Michel Gorski e Sílvia Zatz.
Dácio Nitrini, que também é Conselheiro Fundador do Instituto Vladimir Herzog, compartilhou a alegria e a importância em dar vida cultural a espaços de memória. “Aqui é o Memorial Praça Vladimir Herzog, é algo muito caro, não só para os jornalistas como eu, mas também para a história política e de liberdade do país”, afirmou Nitrini.
Dácio Nitrini e Rosa Artigas durante a edição de novembro de 2024. Foto: Sérgio Decourt.
Na cozinha, Og Doria preparou um feijão gordo com arroz e farofa de milho. Desde a implantação dos eventos na Praça, a regra de pagamento dos pratos é clara: “quem pode paga, quem não pode pega”. O preço cobrado para quem pode pagar é 25 reais e a arrecadação é convertida para sustentar os eventos.
Og Doria de avental jeans e camisa azul conversa momentos antes de começar a servir os pratos. Foto: Sergio Decourt.
Lugar de encontros e reencontros
Há três anos, todo último domingo do mês, o evento “Todo mundo tem que falar, cantar e comer” acontece na Praça por iniciativa do Coletivo Cultural Associação de Amigos da Praça Vladimir Herzog formada pelas seguintes entidades:
- Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo
- Banca Livraria dos Jornalistas Vladimir Herzog
- Câmara Municipal de São Paulo
- Canal da Praça
- Centro Acadêmico Vladimir Herzog | Cásper Líbero
- CEU – Museu de Arte a Céu Aberto
- Coletivo Café Sem Pauta
- Coletivo Paulo Freire Zona Norte
- Colibri & Associados Comunicações
- Constructo
- Escola da Cidade
- FotosPúblicas.com
- Instituto Elifas Andreato
- Instituto Equipe de Cultura e Cidadania
- Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão de Políticas Públicas e Sociais
- Instituto Premier
- Instituto Vladimir Herzog
- OBORÉ
- Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania
- Sindicato dos Advogados e Advogadas do Estado de São Paulo (SASP)
- Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP)
- Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)
- Sindicato dos Professores de São Paulo ( Sinpro-SP)
Vale lembrar que a Praça Vladimir Herzog foi, ano passado, certificada como Ponto de Memória pelo Ibram – Instituto Brasileiro de Museus e que, neste mês, conquistou nova certificação, desta vez como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura.
Saiba mais:
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