05/02/2021

Publicação do manifesto Em Nome da Verdade, marco histórico da reação ao assassinato de Vladimir Herzog, faz 45 anos

Na última quarta, 3 de fevereiro de 2021, fez 45 anos que uma cotização de jornalistas fez publicar no jornal O Estado de S. Paulo, sob a forma de matéria paga, o manifesto Em Nome da Verdade, que contestava as conclusões de um IPM (Inquérito Policial Militar) instaurado em novembro de 1975 para apurar as circunstâncias do “suicídio” de Vladimir Herzog.

Herzog foi assassinado em 25 de outubro de 1975 no DOI-CODI do então II Exército depois de, procurado por agentes da repressão na véspera, apresentar-se no quartel na manhã daquele dia. A história desse episódio está retratada no livro Dossiê Herzog: Prisão, tortura e morte no Brasil, publicado em 1979 pelo jornalista Fernando Pacheco Jordão (1937-2017), cuja mais recente edição, a sexta, é de 2005.

Uma sétima edição está em preparação, por iniciativa da viúva do jornalista, Fátima Pacheco Jordão, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog. O livro foi dedicado pelo autor “aos 1.004 companheiros jornalistas de todo o Brasil que, em janeiro de 1976, assinaram o manifesto Em Nome da Verdade, denunciando a farsa do IPM sobre a morte de Vladimir Herzog e reclamando o esclarecimento do crime”.

Esta é a primeira vez que se dá a conhecer, em ordem alfabética rigorosa e com correções ortográficas, a lista completa dos signatários do manifesto. Todas as listas publicadas anteriormente na internet, ao longo de décadas, estavam incompletas. Esta é a primeira vez, também, que se publica o nome profissional (em negrito) de cada signatário.

Apresentam-se os 1.004 nomes. Além desses, há um que só apareceu na primeira publicação da lista, na edição de janeiro de 1975 do Unidade, o jornal do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Adenilton Araújo, e um cuja assinatura não foi reproduzida em nenhuma das duas ocasiões, Carlos Marchi.

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A pesquisa, recuperação e atualização dessa lista estão sendo conduzidas pelo jornalista Mauro Malin, que também é o organizador da sétima edição do "Dossiê Herzog". Malin espera que a divulgação dos nomes na internet seja um gesto inspirador para ações semelhantes por parte dos jornalistas sempre que um direito for violado, houver censura ou ataques à imprensa. "Acho que hoje, se fizer um manifesto qualquer contra a arbitrariedade, censura, campanha contra jornalistas, fake news e tudo o que a gente está vendo aí, não vai ter mil assinaturas, vai ter 50 mil", diz.

Malin não estava no Brasil à época da divulgação do manifesto. Natural do Rio de Janeiro, ele próprio, em decorrência de sua militância e de seu trabalho na imprensa, esteve na mira da polícia. "Depois da prisão do Serjão [Sergio Gomes], que era um amigo da época e que eu conhecia bem, e quando soube que tinham matado o Vladimir Herzog, vi que não dava mais para ficar no Brasil. Já tinha recebido avisos de pessoas 'olha, a polícia está com seu nome', conta. O jornalista foi viver na França e só retornaria ao Brasil em dezembro de 1979, meses após a Anistia ter sido declarada.

No trabalho de recuperação da lista original do Manifesto, a cada contato Malin pedia aos signatários vivos - cerca de 800 pessoas - que escrevessem um depoimento sobre as circunstâncias em que assinaram o documento. Até 3 de fevereiro, 56 jornalistas mandaram seus textos, cujo tamanho varia de algumas poucas – mas sempre expressivas – linhas a várias páginas. Para ter acesso a cada um desses depoimentos, basta clicar nos links associados aos nomes.

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Os depoimentos de signatários do Manifesto serão constantemente atualizados pelo Instituto Vladimir Herzog no endereço: https://vladimirherzog.org/emnomedaverdade/

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