17/12/2020

Repórteres do Futuro são diplomados em mais um módulo sobre Jornalismo em Guerra e Violência Armada

Repórteres do Futuro são diplomados em mais um módulo sobre Jornalismo em Guerra e Violência Armada

A 19ª turma formada pelo CICV e OBORÉ vivenciou não apenas os desafios do trabalho remoto como também a chance de dividir experiências com colegas dos quatro cantos do Brasil.

No último sábado (12), aconteceu o encontro de encerramento do 19º curso de Jornalismo em Guerra e Conflitos Armados. Esse é um dos módulos do projeto Repórter do Futuro realizado em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). A atividade conta com apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) e do Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão de Políticas Públicas e Sociais (IPFD).
O curso, anual, tem como foco o preparo dos futuros profissionais para abordagens humanitárias no jornalismo. É realizado desde 2001 e, devido à pandemia, aconteceu de modo online em 2020. A cada aula convidados – dentre eles jornalistas, advogados, juristas e ex-policiais - abordam um assunto da área do Direito Internacional Humanitário e questões ligadas à violência armada. Os alunos têm liberdade para formular perguntas a fim de identificar pautas relevantes ao longo das conferências de imprensa.

Teorias e práticas

O curso foi organizado em seis aulas, todas realizadas nas manhãs de sábado. No primeiro dia, houve uma apresentação do trabalho do CICV no Brasil e no mundo no relato do representante regional do CICV Alexandre Formisano, onde foram apresentadas definições importantes sobre conflitos armados, situações de violência e cobertura humanitária. Na semana seguinte, o jurista Tarciso dal Maso conversou com os repórteres sobre o direito aplicável nos conflitos armados, elemento que é fundamental compreender para cobrir a temática humanitária. A terceira aula foi dedicada à cobertura da imprensa brasileira em conflitos armados e situações de violência, o que gerou discussões profundas com o jornalista Mário Cajé sobre a prática profissional e os desafios cotidianos desse tipo de cobertura. Finalizando a parte teórica do curso, Paulo Roberto Oliveira, do Programa com Forças Policiais e de Segurança do CICV, abordou as normas internacionais aplicáveis à função policial no uso da força e de armas de fogo.

Nos cursos do Repórter do Futuro, teoria sempre é acompanhada da prática reflexiva, seja sob a forma de entrevista coletiva ou na produção de um texto jornalístico sobre o tema de cada semana. A diversidade de perfis dos convidados permitiu compreender os limites e as possibilidades de cada tipo de fonte jornalística, desde as oficiais até especialistas independentes. Além disso, todos os participantes foram acompanhados individualmente na produção de seus textos, aspecto bastante valioso para a formação.

Cobertura de premiação jornalística

As duas últimas semanas do curso foram dedicadas à cobertura do Prêmio CICV de Cobertura Humanitária 2020, que está em sua quarta edição e busca valorizar produções jornalísticas que dão voz às vítimas de conflitos e situações de desrespeito aos direitos humanos. A atividade foi muito completa em termos de desenvolvimento das habilidades jornalísticas e fortaleceu aprendizados e discussões que ocorreram nas semanas anteriores.
Os participantes do curso tiveram acesso às produções finalistas para que fizessem uma leitura crítica do material. Além disso, formaram grupos para entrevistar um representante dos jornalistas finalistas e um representante dos jurados, com a proposta de compor um texto e um vídeo. No dia da cerimônia de premiação, realizada em 8 de dezembro, parte dos estudantes também participou da cobertura ao vivo nas redes sociais do CICV sob supervisão de Danyelle Simões, assessora de comunicação digital da entidade.

O processo foi uma ótima oportunidade para vivenciar os imprevistos e a correria de realizar entrevistas e pensar soluções para produções audiovisuais. Como preparar um bom roteiro coletivo de perguntas com poucas horas disponíveis até a entrevista? O que fazer quando um dos entrevistados precisa desligar a câmera no momento da videochamada que comporia o vídeo final? E quando o áudio falha na entrevista? Esses foram alguns dos desafios que os estudantes precisaram enfrentar e para os quais encontraram soluções criativas e de qualidade com a força do trabalho em equipe.

A atividade também foi importante para os participantes conhecerem a fundo os bastidores de grandes produções de cobertura humanitária. As histórias e conhecimentos compartilhados por finalistas e jurados ampliaram a visão sobre a prática jornalística e serviram de inspiração para pensar caminhos profissionais e pautas futuras. A intensidade do trabalho em grupo na reta final também ajudou no fortalecimento de laços. A criação de amizades com pessoas de diferentes partes do país, possibilitada pela modalidade online, foi um dos pontos altos do projeto, destacado várias vezes durante o encontro de despedida.

Muito aprendizado

A existência de um curso como esse no Brasil é realmente uma grande oportunidade de aprendizado. O jornalismo humanitário não é ensinado nas escolas, especialmente se relacionado à cobertura internacional. Para um estudante de comunicação, a bagagem que se carrega do curso é incalculável: noções de direito internacional, as leis utilizadas para conflito armado, como fazer a cobertura de uma guerra, além de poder entrar em contato com pessoas reconhecidas nas suas áreas e entrevistá-los livremente.
Vale destacar que essa atividade desenvolvida no âmbito do Repórter do Futuro há 19 anos é uma iniciativa pioneira e única de formação que o CICV realiza no mundo.

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