07/05/2001

Representantes da CPLP discutem 25 de Abril

Representantes de seis países membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) estiveram reunidos na sala Franco Montoro, da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no último dia 25 de abril, para discutir as "Repercussões Internacionais do 25 de Abril". O evento, que teve transmissão ao vivo pela TV Assembléia para todo o Estado de São Paulo, será exibido também para todos os países de língua portuguesa através da RTPI (Rádio e Televisão Portuguesa Internacional).

A mesa-redonda faz parte de uma extensa programação de festejos de comemoração do 25 de Abril em São Paulo, que inclue show de música portuguesa e brasileira, debate sobre arte escultória, intercâmbio de estudantes e inauguração de um monumento no Largo Mestre de Aviz (ver programação completa nesta home page).

A intenção do encontro na Asembléia foi debater as influências e as mudanças provocadas pela Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974, responsável pela derrubada da ditadura salazarista, que durava então 48 anos. A Revolução foi deflagrada pelos capitães das Forças Armadas, num momento em que as tensões provocadas pela mão forte do governo facista e a guerra com as colônias portuguesas na África tronavam a vida insuportável para o povo, sobretudo para os jovens.

O nome "Revolução dos Cravos" foi dado a este momento pela súbita aparição dessas flores entre o povo e os soldados, em tanques e baionetas, no 25 de abril, o que acabou conferindo certa áura mágica ao movimento que pôs fim à ditadura.

Participações - Marco Aurélio Garcia, secretário de Cultura do Município de São Paulo e professor de História na Unicamp (Universidade de Campinas), não pôde estar presente na noite do debate, mas gravou um depoimento de 22 minutos, em vídeo, exibido durante à mesa redonda no telão da sala e pela TV Assembléia.

O depoimento do secretário foi considerado "o melhor documento já escrito sobre o 25 de Abril em todo o mundo até hoje", pelo escultor português José Aurélio, autor da obra "Porta de Abril", doado pela Junta Metropoliatana de Lisboa ao Município de São Paulo e protagonista ativo na área cultural do governo de transição, pós-revolução.

Marco Aurélio descreveu o ambiente e as condições que permeavam o 25 de Abril de 1974 em Portugal e no mundo. O secretário falou da guerra fria, da bipolarização do debate político e do impacto da Revolução para países como Espanha, Grécia e Brasil. Além da mudança do facismo para o Portugal democrático, Garcia tocou também no controverso rearranjo dos partidos políticos, na volta das eleições e nas disputas internas pós-revolução.

Além do secretário de Cultura do Município, o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Knopfli, também falou do 25 de Abril. O embaixador disse que apesar de todas as controvérsias que existiram nos anos que se seguiram à Revolução, é conscenso que "o 25 de Abril é sinônimo de liberdade".

O cônsul de Cabo Verde, Agnaldo Rocha e o adido cultural da Embaixada de Angola, Álvaro Pacheco falaram da importância da Revolução para as ex-colônias portuguesas. Pelo Moçambique, falou a jornalista, professora da Unisantos (Universidade Católica de Santos), Benalva da Silva Vitorio. Ela representa o V Lusocom - Congresso de Comunicação dos Países de Língua Portguesa aqui no Brasil.

A quinta edição deste evento será no mês de abril do próximo ano, em Maputo, capital do Moçambique. Outra contribuição importante foi da coordenadora do Movimento Clamor por Timor, Lília Azevedo, que lembrou a verdadeira luta que ainda é travada para que a língua portuguesa ganhe mais espaço em Timor.

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