03/02/2021

Vilma Gryzinski - Mensagens de signatários do manifesto "Em nome da Verdade", de 1976

Eu me lembro do som dos nossos passos na calçada do Viaduto do Chá, saindo da redação do Estadão para a Sé.

Os diretores do jornal haviam liberado todo mundo para ir ao ato ecumênico. Isso incentivou colegas que não eram de esquerda, muito menos simpatizantes do velho Partidão, a fazer talvez o primeiro protesto de suas vidas.

Um protesto um pouco temeroso e ao mesmo tempo catártico. Foi como se a morte de um "homem justo” como Vladimir Herzog tivesse servido para superar as barreiras do medo, o mais poderoso instrumento das ditaduras.

Não fazíamos ideia das tensões entre Ernesto Geisel e Sylvio Frota que a morte de um jornalista querido por todos ajudaria a confluir para o que viria a ser o processo controlado de fim do regime militar.

O humilde ato de colocar o próprio nome num abaixo-assinado contra a versão farsesca sobre aquela morte tornou-se mais fácil depois da “missa”, como todo mundo chamava o ato ecumênico.

Não vejo nada de heroico nisso, mas existe algo de valioso no momento em que pessoas comuns decidem conscientemente que têm um lugar a ocupar na marcha da história.

20/10/2020.

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