Debate sobre Venezuela conta com Gilberto Maringoni e Max Altman
Quem se informa única e exclusivamente pela grande mídia brasileira certamente não enxerga boa parte do que se passa na Venezuela. Isso porque quem pauta nossos grandes jornais são as agências internacionais, que por sua vez seguem a lógica dos monopólios da comunicação do país vizinho. Estes, nitidamente interessados na queda do governo Chávez.
Foi para entender um pouco mais sobre o processo corrente na Venezuela que a OBORÉ dedicou a última edição do programa “Nossa Sexta: Ciclo de encontros para ver melhor o mundo”, na tarde de sexta-feira passada (14 de janeiro), a um debate com dois especialistas no tema: Gilberto Maringoni, jornalista, cartunista, historiador e autor do livro A Venezuela que se Inventa – Poder, Petróleo e Intriga nos Tempos de Chávez (Editora Perseu Abramo, 248 páginas, 2004), e Max Altman, jornalista, analista de política externa e membro do Partido dos Trabalhadores.
Documentário "A Revolução não será Televisionada" inspirou
debate com Gilberto Maringoni (esq.) e Max Altman
Com cerca de 40 participantes, o debate teve como ponto de partida a projeção do documentário A revolução não será televisionada (75 minutos, com legendas em português), das jornalistas irlandesas Kim Bartley e Donnacha O´Brian, produzido em parceria com a BBC de Londres. Elas estavam em Caracas para produzir um vídeo sobre o presidente venezuelano Hugo Chávez e tiraram a sorte grande: puderam assistir a um dos episódios mais marcantes da história recente venezuelana num local mais que privilegiado. A dupla estava no Palácio Miraflores, em Caracas, justamente na sala do presidente, no dia 11 de abril de 2002, quando houve a tentativa de golpe.
Ao longo do documentário, fica explícita a posição dos grandes grupos de mídia venezuelanos. Noticiaram o golpe minuto-a-minuto, mas, no momento em que o povo chavista foi às ruas – calcula-se que 1,5 milhão de pessoas tenham participado da manifestação pró-Chávez – e conseguiu trazer o presidente de volta 72 horas depois, os grandes meios se calaram. Desenhos animados tomaram as telas.
“O povo pobre foi às ruas e trouxe Chávez de volta. Importante ver que o povo tem esse poder. Hoje temos um processo revolucionário em marcha”, destacou Max Altman, ressaltando as opções do governo após o golpe. “Alguns governos optam por ordenar as finanças de acordo com as regras internacionais. Mas o governo revolucionário bolivariano preferiu reforçar a base com programas sociais”.
Conhecidos como "missões", dois programas foram destacados pelo jornalista: o Bairro Adentro, que funciona como uma espécie de médico da família e conta hoje com uma equipe de 15 mil profissionais da área da saúde, e o Plano Robinson, que tem como foco a alfabetização de adultos. Antes do processo, eram 1,5 milhão de analfabetos e hoje são 120 mil. “Portanto a base social do governo se fortalece e isso fica claro no referendum de 15 de agosto de 2004, em que 60% da população votaram a favor do presidente”, explica.
Outro sinal de aprovação pôde ser visto durante as eleições para prefeitos e governadores na Venezuela, no dia 31 de outubro do ano passado: o partido de Chávez elegeu 20 dos 22 governadores e 80% dos prefeitos.
Enquanto Max abordou o período seguinte ao mostrado no filme, Maringoni se ateve à fase anterior, amplamente analisada em seu livro. “Antes de se descobrir o petróleo, a Venezuela não era nada no cenário internacional. Hoje é o segundo fornecedor de petróleo para os Estados Unidos e a economia do país oscila de acordo com a balança petroleira.”
Nesse sentido, o país viveu tempos áureos depois de 1973 , quando o preço do Petróleo aumentou 12 vezes. “Era uma exceção na América Latina: enquanto diversos paí