Praça Memorial Vladimir Herzog ganha muda de pitangueira
Ato rememorou visita do prefeito de Hiroshima a São Paulo na luta pela paz e contou com a presença da secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
Edicleiton, funcionário de um sebo no centro da cidade, em situação de rua e um dos frequentadores da Praça Vladimir Herzog, plantou no domingo, 6 de agosto, uma muda de pitangueira no memorial, como símbolo da paz. O ato marcou os 78 anos da primeira bomba atômica lançada pelos Estados Unidos no Japão, na cidade de Hiroshima, em 1945.
A ação simbólica, coordenada por Sergio Gomes, diretor da OBORÉ e conselheiro do Instituto Vladimir Herzog, remonta à visita do prefeito de Hiroshima Kazumi Matsui a São Paulo, em 2015. Naquele ano, Matsui presenteou a cidade com uma muda de Gingko biloba, a árvore símbolo da vida por ter sobrevivido às bombas nucleares, plantada na Praça Memorial Vladimir Herzog. Uma placa afixada próximo à muda afirmava o compromisso pela paz entre as duas cidades.
Algum tempo após a cerimônia, porém, a muda foi arrancada e a placa depredada.
Foto da placa depredada. Foto: Sergio Gomes.
A princípio, uma nova muda de Ginkgo biloba seria plantada no local para reafirmar o compromisso selado com os representantes da cidade japonesa na luta pela paz. Como não foi possível encontrar uma às vésperas do 6 de agosto, plantou-se uma pitangueira.
Edicleiton planta a muda de pitangueira. A imagem de Dom Evaristo Arns esteve presente durante todo o ato. Foto: Sergio Gomes.
O jornalista Sergio Gomes considera o crime cometido pelos Estados Unidos um marco no futuro da humanidade.
“A partir dessa data, o fim do mundo depende da ação humana consciente. Até essa data, o fim do mundo poderia acontecer somente a partir de algo incontrolável, trombada de planetas, asteroide, mudanças do clima. A partir do lançamento da bomba, não. O futuro depende da luta pela paz”, afirmou Gomes.
A secretária de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo Soninha Francine participou do ato e apontou a importância da Praça Memorial Vladimir Herzog para a capital paulista.
“Trata-se de um lugar aberto na cidade, lugar de encontro sob o céu, para realizar atividades diversas em conjunto ou simplesmente estar sozinho. A Praça Vladimir Herzog também é tudo isso – é um lugar para lembrar de dores e perdas, enquanto celebramos a vida, a criação e a recriação”, afirmou Francine.
O ato contou com a presença de Oswaldo Colibri, Carlos Marx, Gilson, Ivan Vilela, os estudantes Karen Ramos, Natasha Meneguelli, Danilo Zelic, e os recém-formados Thaís Manhães e Camilo Mota, núcleo organizador do Canal da Praça responsável pela comunicação e produção jornalística dos acontecimentos da praça memorial.
Ato de 6 de agosto | 2015
Há sete anos, a comitiva de Hiroshima veio ao país a convite da Associação Cultural Hiroshima do Brasil para divulgar a Rede Mundial Para a Paz e visitou a Câmara de São Paulo, à época presidida por Antônio Donato (PT), hoje deputado estadual.
Ao centro, o presidente da Câmara e o prefeito de Hiroshima, Masanori Nagata e Kazumi Matsui, respectivamente, recebem a Salva de Prata. Foto: Luiz França / CMSP
Em entrevista à Rede Câmara São Paulo, Matsui disse que “São Paulo é um importante aliado nesta nossa missão de transmitir a mensagem da paz mundial como do desarmamento nuclear”.
Também presente na comitiva em 2015, o presidente da Câmara Municipal de Hiroshima Masanori Nagata afirmou que o Brasil é um importante aliado na luta pela paz.
“O Brasil é o país da América Latina que mais contribui com essa cultura de paz, por isso plantamos aqui o Ginko, para nós, a árvore da vida. E quanto mais ela crescer, maior será a paz entre nós, eu creio”, afirmou Nagata. Para os japoneses, a espécie Ginkgo biloba simboliza a vida por ser o único ser sobrevivente aos ataques nucleares em Hiroshima e em Nagasaki.
Assista a visita da comitiva de Hiroshima à Câmara Municipal de São Paulo.
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Por Camilo Mota, edição de Thaís Manhães.