24/09/2020

Prêmio Vladimir Herzog contempla diversidade racial e de gênero na escolha dos homenageados de sua 42ª edição

A comissão organizadora do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos – a mais tradicional honraria de jornalismo do país – definiu os homenageados de sua 42ª edição: a cartunista Laerte, o advogado Luiz Gama (in memoriam) e a filósofa Sueli Carneiro foram os escolhidos de forma unânime pelo colegiado composto por 14 entidades ligadas à defesa dos direitos humanos. (Lista abaixo)

Nessas últimas quatro décadas já foram homenageados Lourenço Diaféria (in memoriam), David de Moraes, Audálio Dantas, Elifas Andreato, Alberto Dines, Lúcio Flavio Pinto, Perseu Abramo (criador do Prêmio, in memoriam), Marco Antônio Tavares Coelho, Raimundo Pereira, Sandra Passarinho, Rubens Paiva (in memoriam), Mino Carta, Mauro Santayana, Daniel Herz (in memoriam), Eduardo Galeano (in memoriam), Elio Gaspari, Cláudio Abramo (in memoriam), Tim Lopes (in memoriam), D. Paulo Evaristo Arns (in memoriam), Rose Nogueira, Bernardo Kucinski, Patrícia Campos Mello, Glenn Greenwald e Hermínio Sacchetta (in memoriam). A comenda reconhece os relevantes serviços prestados à sociedade, pelas contribuições à imprensa e ao jornalismo em geral e pela atuação em defesa da democracia, da paz e da justiça.


Quem são os homenageados deste ano

Laerte
Cartunista, ilustradora, roteirista e jornalista, Laerte Coutinho é uma das mais importantes artistas do traço do Brasil. Criadora de personagens emblemáticos como os Piratas do Tietê, Hugo Baracchini, Deus e Overman, Laerte se notabilizou por explorar temas relevantes da existência humana com um humor ao mesmo tempo refinado e mordaz. Junto de outros artistas de sua geração, como Angeli e Glauco, inaugurou um novo estilo na produção de quadrinhos, tornando-se um marco para o cartunismo brasileiro. Foi uma das fundadoras da OBORÉ, empresa de jornalistas e artistas criada em 1978 para colaborar com movimentos sociais e trabalhadores na montagem de seus departamentos de imprensa, em campanhas e na produção de jornais, boletins e cartilhas educativas. Laerte atuou como roteirista em diversos programas de televisão e participou de diversas publicações como a “Balão” e “O Pasquim”. Também colaborou com as revistas “Veja”, “Piauí” e “IstoÉ”, além do jornal “O Estado de S. Paulo”. Desde 2014, publica charges na “Folha de S. Paulo” e atualmente milita no movimento LGBT. Em 2020, completa 50 anos de carreira.

Sueli Carneiro
Filósofa, educadora e escritora, Sueli Carneiro é porta-voz de uma geração e uma das maiores referências do país nos estudos sobre raça e gênero. Seu pensamento nos ensina como a vivência da mulher negra brasileira e o feminismo antirracista são fundamentais para as lutas pela democracia e pelos direitos humanos no Brasil. Sua contribuição para o jornalismo e para a comunicação vai além. Foi colunista do “Correio Braziliense” por quase uma década e, neste período, fez com que redações de todo o país passassem a abordar as temáticas raciais e feministas de uma forma mais humanizada, plural e libertária. É a fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, organização que, desde 1988, se dedica à defesa dos direitos humanos sob a perspectiva racial e de gênero e se tornou uma referência nos conteúdos – inclusive jornalísticos – sobre o tema.

Luiz Gama
Jornalista, poeta, advogado e um ativista incansável na luta contra o regime escravocrata, Luiz Gama deveria estar entre as figuras mais conhecidas da história brasileira, como um dos maiores – senão o maior – símbolo dessa época. Filho de Luiza Mahin, uma negra africana livre, com um fidalgo de origem portuguesa de uma das principais famílias baianas, cujo nome se desconhece, Luiz Gama, com apenas dez anos de idade foi vendido como escravo por seu pai. No cativeiro, aprendeu a ler e escrever e reconquistou a sua liberdade após provar que havia nascido livre. Daí em diante, sua paixão pelas letras e seu espírito aguerrido não pararam de crescer.
Ativista da causa republicana e abolicionista, colaborou com diversos jornais denunciando violações das leis e erros cometidos por juízes e advogados contra negros e escravos. Não era diplomado, mas possuía uma provisão – documento que autorizava a prática do Direito – dada pelo Poder Judiciário do Império e foi um advogado autodidata com grande cultura jurídica e responsável pela libertação de dezenas de escravos. Em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) concedeu o título de advogado a Luiz Gama, reconhecendo sua importância como jurista. Em 2018, recebeu o título de “Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil” e teve finalmente seu nome inscrito no livro dos heróis da pátria.


Sobre o Prêmio

Considerado entre as mais significativas distinções jornalísticas do país, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos reconhece, desde a sua primeira edição, concedida em 1979, trabalhos que valorizam a Democracia e os Direitos Humanos.

Em 2020, ano de sua 42ª edição, contou com novo recorde histórico de inscrições: foram 1.060 produções inscritas em seis categorias: Artes (ilustrações, charges, cartuns, caricaturas e quadrinhos), Fotografia, Produção jornalística em texto, Produção jornalística em vídeo, Produção jornalística em áudio e Produção jornalística em multimídia.

As peças inscritas estão em fase de avaliação pelos 36 convidados para integrar o Júri de Seleção. A divulgação dos finalistas está programada para o dia 7 de outubro e a escolha dos vencedores será feita por representantes das 14 entidades que compõem a Comissão Organizadora no dia 17 de outubro, em sessão pública de julgamento. A cerimônia de entrega dos troféus acontece no dia 25 de outubro e, neste ano, será feita de forma virtual. A já tradicional Roda de Conversa com os Ganhadores também será remota com transmissão no dia 24 de outubro, sábado.

O 42º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos é promovido e organizado por uma comissão constituída pelas seguintes instituições: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – ABRAJI; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Nacional; Ordem dos Advogados do Brasil - Secção São Paulo, coletivo Periferia em Movimento, Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil – UNIC Rio e Instituto Vladimir Herzog.

Mais informações em www.premiovladimirherzog.org

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