Professor Ab´Saber encerra ´´450 Pautas´´
Aula Magna do professor Aziz Nacib Ab´Saber encerrou no último sábado (06), o módulo "450 Pautas - Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter", do Projeto Repórter do Futuro. O módulo - comemorativo aos 10 anos do projeto - contou com a parceria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - ABRAJI.
O curso reuniu estudantes da ECA/USP, PUC/SP, Universidade Metodista e Fundação Cásper Libero numa série de encontros que começaram em 14 de agosto com o jornalista Marcelo Beraba, ombdsman da Folha de S. Paulo e presidente da ABRAJI. E teve a participação especial de convidados vindos de Milão: a professora Teresa Isenburg, titular de Geografia Econômica e Política da Universidade de Milão (21/08), o maestro Martinho Lutero, fundador do Coral Luther King, mais antigo em atividade em São Paulo e articulador do Fórum Coral Mundial, e o historiador José Luiz del Roio, membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (28/08).
Cazé, que participou do 4º Fórum de Heliópolis, na manhã do sábado,
esperou para ver o professor Ab´ Saber de perto, no encerramento
do módulo "450 Pautas". À dir., Ana Luisa Zaniboni, diretora da OBORÉ
Geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da USP, Ab´Saber iniciou sua palestra falando sobre a topografia e a vegetação nativa de São Paulo. "Devido ao clima tropical úmido e aos rios que vem da Serra da Cantareira e de outros pontos, como o reverso da Serra do Mar, onde chove muito, a massa de águas fluviais era de mais de cem córregos. Imaginem vocês que daqui onde estamos (Vila Buarque) até a Barra Funda (bairro vizinho) tinha um riozinho suspenso no meio desse patamar intermediário!".
Relembrando a história da cidade, Ab´Saber falou sobre o Vale do Anhangabaú, um dos locais mais conhecidos da cidade. "O índio dizia que era a terra do diabo e o Anhangabaú ficou por muito tempo como um sertão. Hoje, é um dos vales mais bem urbanizados do Brasil, embora eu não goste daquele túnel que representou um grande erro urbanístico, porque quem fez não levou em conta que poderia chover mais em um ano que em outro". Chuvas muito fortes costumam inundar o Vale do Anhangabaú.
De acordo com Ab´Saber, esse "erro urbanístico" mostra como é fundamental o conhecimento de climatologia por parte de quem pensa as grandes obras da cidade. "Apesar do clima ser tropical úmido, existem variações, de ano a ano, e períodos mais secos ou mais chuvosos e a gente tem que saber disso".
Ab´Saber diz que não dá para estudar o metabolismo urbano só na cidade de São Paulo, é preciso levar em conta a Região Metropolitana, de Mogi das Cruzes até Cotia e da região do ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema) até a Serra da Cantareira. "Cada um de nós tem um metabolismo e a soma de 17 milhões de pessoas recria um outro tipo de metabolismo muito maior para a região que essas pessoas habitam."
Segundo ele, é muito difícil resolver todos os problemas de uma megalópole ao mesmo tempo, mas o metabolismo metropolitano exige o conhecimento integrado de fatores como a poluição industrial, atmosférica e hídrica, o lixo, o grande número de carros que congestionam as cidades, entre outros. "Temos problemas de toda natureza e o conhecimento do metabolismo urbano é hoje uma exigência para São Paulo."
Aziz Ab´Saber foi presidente do SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e é autor de diversas teorias e projetos inovadores na geografia brasileira. Seus artigos podem ser lidos na revista Scientific American Brasil: www2.uol.com.br/sciam
Mais informações sobre o curso:
www.obore.com/450