12/05/2022

A história da Praça Vladimir Herzog foi apresentada em seminário internacional sobre Políticas da Memória, na Argentina

Os jornalistas Ronald Sclavi e Sergio Gomes voltaram de Buenos Aires onde marcaram presença no 13º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLÍTICAS DA MEMÓRIA, uma promoção da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Direitos Humanos do governo argentino. Eles apresentaram o artigo “Praça Memorial Vladimir Herzog: lugar de memória em permanente construção”, que narra a experiência de mobilização de um grupo de jornalistas, artistas, estudantes e contemporâneos de Vlado na manutenção deste local, no centro de São Paulo. O evento aconteceu de 27 a 30 de abril, no Centro Cultural Memória Haroldo Conti, localizado no Espaço Memória e Promoção dos Direitos Humanos - Antiga ESMA, em Buenos Aires.

Praça Memorial Vladimir Herzog

A Praça é um marco da luta por valores democráticos a partir da reunião de lembranças, evocações e propósitos, conectando passado, presente e futuro. E tem um história que foi fruto de muita mobilização, de muita luta e de muitas mãos.

As discussões para mudar o nome da praça iniciaram-se em 2012, durante os trabalhos da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, sob a presidência do então vereador Ítalo Cardoso. Após procurar a família do jornalista e apresentar a proposta aos outros parlamentares, surgiu o Projeto de Lei 217/2012.

Em 2013, a Praça Divina Providência (Rua Santo Antonio com Praça da Bandeira), atrás do Palácio Anchieta, foi rebatizada de “Vladimir Herzog” por iniciativa de Cardoso e do vereador Police Neto, então presidente da Casa. O jornalista Sergio Gomes, diretor da OBORÉ, participou ativamente das articulações para a mudança do nome da praça. “O Vlado queria um país justo e democrático. Nós também. Agora precisamos cuidar desse espaço com muito carinho”, afirmou.

Desde então, o local passou a ser devidamente preparado para acolher três peças de Elifas Andreato:

- um mosaico reproduzindo a tela “25 de outubro”, pintada originalmente por Elifas em 1979 e que desde 1981 encontra-se na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Conta o artista que o quadro é um repúdio à farsa divulgada pela ditadura sobre a tese de suicídio de Vlado e ficou conhecida como a Guernica Brasileira, em referência ao centenário do pintor Pablo Picasso. O mosaico foi montado por alunos e alunas do Projeto Âncora, mede seis metros e foi instalado na parede principal da Praça em 2013, na gestão do vereador José Américo.

- a escultura “Vlado Vitorioso” – peça criada em 2008, por encomenda da ONU, em comemoração aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A réplica em bronze, produzida pelo escultor ítalo-brasileiro Giuseppe Bosica, mede 2,20 de altura e foi inaugurada em 2015, na gestão do vereador Antonio Donato, como forma de marcar os 40 anos do assassinato de Vlado.

- réplica do “Troféu Vladimir Herzog” inaugurada em 6 de abril de 2019, em comemoração ao Dia do Jornalista (celebrado no 7 de abril desde 1931). A escultura foi financiada com recursos de emenda parlamentar ao orçamento da Prefeitura apresentada pela vereadora Soninha Francine.

De acordo com o projeto original da Praça, homologado pela Mesa Diretora da Casa em 16 de outubro de 2012, o local ainda receberia duas placas. Uma com os nomes dos 1006 jornalistas signatários do Manifesto “Em Nome da Verdade”, documento entregue à Justiça Militar dia 6 de janeiro de 1976 e publicado na edição número 6, de janeiro 1976, do Jornal Unidade (órgão oficial do SJSP) contestando a versão farstante do Exército de que Vlado havia se suicidado. A outra placa, o registro do nome de todos os ganhadores do Prêmio Herzog desde a primeira edição, em 1979. Pois bem: a inauguração das placas dos 1006 assinantes do Manifesto ocorreu no último dia 9 de abril de 2022 e marcou as homenagens ao Dia do Jornalista. ( Saiba aqui como foi a festa, em reportagem de Camilo Mota, estudante de Jornalismo da PUC-SP).

Vale registrar que além de servir de recanto para funcionários da Câmara, moradores do bairro, pets e transeuntes do centro, a praça é parada obrigatória no Programa Permanente de Visitação da Edilidade Paulistana. A realização do projeto da Praça é fruto do esforço coletivo de entidades dentre as quais a OBORÉ, Instituto Vladimir Herzog e Escola da Cidade.

Saiba mais sobre o Seminário Internacional de Políticas de Memória.

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