01/06/2021

Arquiteto e Vereador discutem participação pública na revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo

A pandemia de covid-19 é um dos grandes desafios enfrentados pela população mundial neste século. Seria este o momento ideal para discutir a revisão do Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo? O atual documento, produzido em 2014, prevê em seu artigo 4º uma revisão em 2021 e implantação total até 2029.

Esse impasse tem sido motivo de debate por parte da comissão designada para conduzir as tratativas sobre a revisão. Existem parlamentares que são contra a revisão, e outros que entendem que é possível discutir uma revisão, mesmo com limitação de presença física.

"Metade das contribuições do [Plano Diretor Estratégico] anterior chegaram por meios virtuais, e isso nos deixa tranquilos", aponta o vereador Paulo Frange. A maior preocupação desta revisão está justamente na participação popular, elogiada na construção do documento de 2014.

O vereador, que é presidente da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal, participou de coletiva de imprensa do Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, neste sábado, 29/5. O módulo do Projeto Repórter do Futuro deste ano discute especificamente a revisão do Plano Diretor Estratégico.

Há o argumento de que, com a tecnologia e ferramentas como o site Gestão Urbana, que promove consultas públicas e chamamento de entidades civis para o debate, a participação popular tem seu espaço.

No entanto, é necessário que esse alcance seja diversificado, para que seja possível, por exemplo, que pessoas sem acesso às tecnologias possam dar sua opinião. É o que destaca o arquiteto Marcelo Ignatios, diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil, setor São Paulo (IAB-SP) e que também esteve no encontro do Repórter do Futuro.

O arquiteto afirma também que esse documento funciona como um pacto. "Não é 100% bom para todos, mas é bom para todos. Há muitas concessões, feitas justamente para acomodar o interesse de tantos", disse.

Ele também reforça que a intenção deve ser sempre a de evitar que algum setor "fique para trás" e que o trabalho deve ser feito a fim de abarcar as opiniões do máximo de pessoas possível.

Discutir o assunto é complexo, aponta o diretor da Escola do Parlamento Alexandro dos Santos. Ele destaca que é importante que a lógica "bonzinhos versus malvados" seja superada para que seja possível pensar o modelo de cidade que se espera no futuro. "Qual a cidade que queremos ter em 2030?", questionou.

O debate também trouxe questões como locomoção, lei de zoneamento e projetos de intervenções urbanas.

Marcelo Ignatios também reforçou a importância de que a imprensa participe ativamente dessa discussão."Acho que o papel da imprensa é fundamental para reverberar, repercutir aquilo que pode chegar à população de um jeito mais digerido, mais adequado desde o conteúdo [que é] mais técnico até um conteúdo mais simples e específico que vai atingir a todos", pontuou.

Cristina Zahar, diretora executiva da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), participou do encontro e trouxe uma reflexão sobre o papel da imprensa neste período de pandemia. "O dia da imprensa acontece no próximo dia 1º de Junho. Eu fiquei pensando se haveria motivos para comemorar. Cheguei à conclusão de que sim", apontou Zahar em sua fala de abertura. Ela destaca que, ao ver jovens jornalistas dispostos a se preparar para o exercício da profissão, sente-se confiante. "Existem alguns rasgos de luz que a gente tem que aproveitar. Vocês são os nossos sucessores", disse.

Assista ao Encontro:

Confira a programação

Sobre o Repórter do Futuro

Trata-se de um projeto de formação iniciado em 1994 pela OBORÉ com a proposta de complementar as atividades práticas laboratoriais de alunos matriculados nos cursos de Jornalismo com foco no estímulo à prática reflexiva e no exercício da reportagem. Ao longo de quase três décadas de existência, desenvolveu e aperfeiçoou uma metodologia própria para conduzir pedagogicamente suas atividades por meio de Conferências de Imprensa seguidas de Entrevistas Coletivas.

Os alunos são acompanhados, de forma individual, na produção de seus textos e, ao final do módulo, desenvolvem uma produção jornalística - impressa, radiofônica, televisiva ou multimídia - a partir de uma reportagem de fôlego, com foco no empenho para sua publicação. É a chamada Operação Ponto Final, que neste projeto é desenvolvido em duplas e no bairro de livre escolha dos estudantes. Com esta proposta pedagógica, são igualmente beneficiados por esta formação os estagiários de comunicação que atuam nos gabinetes dos vereadores da Câmara Municipal.

A Escola do Parlamento

A Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo foi criada pela Lei nº 15.506 de 13 de Dezembro de 2011, com o objetivo de oferecer aos parlamentares e munícipes subsídios para identificar a missão do Poder Legislativo e desenvolver programas de ensino, cursos e eventos direcionados à formação e à qualificação de lideranças comunitárias e políticas.

Desde sua criação a Escola do Parlamento adotou como missão institucional a promoção de eventos voltados à formação e à educação em cidadania e política de cidadãos e servidores, além de uma série de cursos de curta duração, ciclos de debates e seminários sobre temas centrais da cidade de São Paulo. Neste sentido, destacam-se a abordagem de temas como mobilidade, cultura, imigração, população em situação de rua, questões de gênero e reforma política.

A parceria com a OBORÉ constitui importante frente de atuação da Escola na promoção da educação política dos cidadãos e profissionais que lidam diariamente com a realidade e os dilemas metropolitanos, como saúde, educação, transporte, cultura e violência. Das 14 edições do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter, dez foram realizadas no escopo desta parceria com o propósito de qualificar estudantes de jornalismo para uma cobertura crítica e aprofundada da nossa cidade.



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