25/02/2023

Dom Phillips, jornalista assassinado no Brasil em junho, é homenageado com o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog Especial in memoriam 2022

Dom Phillips, jornalista assassinado no Brasil em junho, é homenageado com o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog Especial in memoriam 2022

Homenagem enaltece a vida pessoal e profissional de Dom, jornalista britânico assassinado no Vale do Javari, Amazonas, durante expedição. Marca também posição de vigilância da Comissão Organizadora diante dos ataques cada vez mais frequentes aos jornalistas, ambientalistas, direitos humanos e à democracia em nosso país.

O jornalista britânico Dominic Philips, 57, vivia no Brasil há 15 anos e colaborava com alguns dos principais jornais do mundo como Washington Post, Financial Times e The Guardian, com o qual vinha contribuindo de forma regular até recentemente.

Ele e seu colega Bruno Pereira, de 41 anos, que trabalhou durante muito tempo na Funai como respeitado especialista em comunidades indígenas, foram vistos pela última vez em 5 de junho em viagem de barco à comunidade de São Rafael, Atalaia do Norte, fronteira do estado do Amazonas com o Peru. À época, Dom pesquisava a região para um livro que iria publicar sobre a Amazônia.

Nove dias após o desaparecimento do jornalista e do indigenista, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, reconhecido pelo apelido de “Pelado”, confessou tê-los matado a queima roupa. Na sequência esquartejou os corpos, queimou e enterrou os remanescentes próximo à Terra Indígena Vale do Javari. O Brasil e o mundo aguardam o desenrolar da investigação.

A interrupção abrupta da vida e do trabalho de Dom não pode arrefecer a cobertura jornalística do que acontece com o meio ambiente no Brasil. Sua luta foi importante e mostra-se vital para o futuro do planeta. Durante o governo Bolsonaro (PL) o desmatamento na Amazônia cresceu 56,6%, aponta estudo publicado em 2 de fevereiro deste ano pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), organização científica, não governamental e sem fins lucrativos que desde 1995 trabalha pelo desenvolvimento sustentável da região.

Por outro lado, com indubitável crescimento da ala ultra conservadora no senado e na câmara dos deputados, constatado após a apuração do último domingo, 2 de outubro, os ideais neoliberais e conservadores do atual governo consolidaram base parlamentar. O atual presidente recebeu maioria dos votos no arco do desmatamento, área em que a fronteira agrícola avança em direção à floresta Amazônica. Compreendida entre leste e sul do Pará em direção a oeste, penetrando os estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre, a região tem os maiores índices de desmatamento da Amazônia.

Ricardo Salles (PL), ex-ministro do meio ambiente do atual governo, foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo no pleito do último domingo. Conhecido pela sugestão dada durante reunião ministerial em 2020 de aproveitar a cobertura midiática da pandemia do coronavírus em 2020 para “passar a boiada”, Salles pretende desburocratizar e simplificar as normas em todas as áreas, inclusive no meio ambiente.

Pela importante trajetória de Dom no jornalismo em defesa do meio ambiente, na preservação da floresta amazônica e de seus povos, a homenagem a Dom nesta 44ª edição sela compromisso público e posição de vigilância das entidades que integram a Comissão Organizadora do Prêmio Herzog diante dos ataques cada vez mais frequentes à democracia, aos direitos humanos e aos jornalistas e ambientalistas propagados em território brasileiro.

Sobre a premiação

A cerimônia solene do 44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos será no dia 25 de outubro, terça-feira, das 20h às 21h30, no Tucarena, em São Paulo.

As jornalistas Kátia Brasil e Elaíze Farias, criadoras do Amazônia Real, e o médico infectologista Dráuzio Varella recebem o troféu símbolo do Prêmio – a meia lua recortada com a silhueta de Vlado Herzog, uma criação do jornalista, artista plástico e designer Elifas Andreato, falecido em março deste ano. O repórter britânico Dom Phillips será homenageado in memoriam. O Prêmio Contribuição ao Jornalismo será dedicado aos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) pela resistência na defesa da comunicação pública.

O Prêmio Vladimir Herzog é promovido e organizado por uma comissão constituída pelas seguintes instituições: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI); Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom); Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Ordem dos Advogados do Brasil - Secção São Paulo (OAB-SP), Periferia em Movimento e Instituto Vladimir Herzog (IVH).

Um arco de alianças formado pela Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), TV PUC, Canal Universitário de São Paulo (CNU), União Brasileira de Escritores (UBE) e OBORÉ atua como grupo de parceiros realizadores desta 44º edição.

SAIBA MAIS

44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos | 2022

  • Sessão pública de julgamento e divulgação dos vencedores: 13 de outubro, das 14h às 17h, no Espaço Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de SP. Transmissão ao vivo pelo Canal do YouTube do Prêmio e Facebook do SJSP
  • Solenidade de premiação: 25 de outubro, das 20h às 21h30, no Tucarena, com transmissão ao vivo pela TV PUC.

Mais informações em www.premiovladimirherzog.org

Texto de Thaís M.Manhães com edição de Ana Luisa Zaniboni Gomes.

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