13/01/2003

Entidades se reúnem na OBORÉ para dar voz aos ´´sem- papel´´

Representantes da comunidade latino-americana em São Paulo estiveram reunidos na OBORÉ, no último sábado, para falar sobre a situação dos cerca de 200 mil imigrantes sul-americanos que vivem na cidade e buscar apoio para que essas pessoas possam se integrar à sociedade já que a maioria, por falta da documentação legal, se esconde na clandestinidade.

Segundo estimativa da Associação Cultural Bolívia-Brasil – BOLBRA – existem de 80 a 100 mil bolivianos espalhados na cidade. Para agregar o povo boliviano que mora em São Paulo, a BOLBRA manteve por alguns dias um programa numa rádio comunitária, lacrada recentemente pela Polícia Federal.

Sem documentos e sem voz, a comunidade, principalmente boliviana, cuja força de trabalho se concentra na indústria de confecção de roupas, se submete a trabalhar em condições precárias nas fábricas da região do Brás e Bom Retiro.

Os diretores da BOLBRA, Hugo Diaz e Gladys Diaz, preocupados com a dificuldade de contato com seus conterrâneos, afirmam ser fundamental um programa de rádio voltado à comunidade de língua espanhola. "Precisamos nos comunicar com nossa gente para que as pessoas se sintam com apoio e não precisem se esconder e, ao mesmo tempo, deixar claro para as autoridades brasileiras que o povo boliviano não tem nada a esconder, pelo contrário, quer trabalhar livremente e viver como verdadeiros cidadãos", diz Gladys.

Também foram convidadas para a reunião as entidades da Vila Buarque (Biblioteca Monteiro Lobato, Igreja da Consolação, Sindicato dos Jornalistas, Condomínio Edifício Copan), além da Faculdade de Saúde Pública/USP e Rádio Heliópolis, que propuseram o anteprojeto da lei 145/01 que dota o poder local de meios para regulamentar o funcionamento de rádios comunitárias em São Paulo. Essa lei é de autoria dos vereadores Carlos Néder (PT) e Ricardo Montoro (PSDB).

Sem vacina - O medo de se mostrar só complica a situação. Sem vacinação adequada, os imigrantes colocam em risco sua saúde e a da comunidade onde se estabelecem. Segundo Mariângela Camargo Mesquita, representante do Distrito de Saúde da Sé, o Programa de Saúde da Família (PSF), que visita as famílias em suas próprias casas, tem encontrado dificuldades no atendimento à população latina.

"Acho que a reunião foi muito importante para se estabelecer contato com essas pessoas e entender melhor o que fazer para ajudá-las. Feitos os contatos, agora é ver de que forma aproximá-las do PSF que não faz nenhum tipo de distinção, todos são atendidos sem nenhuma exigência quanto a documentação".

Representando o vereador Ricardo Montoro, Ivan Rabelo colocou o gabinete do vereador à disposição dos latino-americanos "para ajudar no que for possível". "Mais uma vez está provada a importância do projeto de lei 145 e é fundamental que as pessoas se unam e, através de abaixo-assinado, fortaleçam o projeto na hora da votação".

Participaram ainda da reunião, Alejandro Santander, do Partido Socialista do Chile, e o jornalista Patricio de la Barra, representando os cerca de 40 mil chilenos que vivem no Brasil, além de Juan Plaza, coordenador da Pastoral Latino-Americana. Eles foram unânimes ao

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