20/10/2023

Normas aplicadas à função policial e mitigação de impactos da violência armada em comunidades foram temas do segundo encontro do curso Jornalismo em Guerra e Violência Armada

No último sábado, 7 de outubro, Virginia Canedo Bruzzone, chefe do Programa com Forças Policiais e de Segurança da Delegação Regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, participou de palestra sobre as normas internacionais aplicáveis à função policial e concedeu entrevista coletiva aos cerca de 50 participantes da 22ª edição do módulo Jornalismo em Guerra e Violência Armada.

Card de divulgação do 2º encontro da 22ª edição do módulo "Jornalismo em Guerra e Conflito Armado". Foto: divulgação.

Karen Cerqueira, Coordenadora do Programa Acesso Mais Seguro para serviços públicos essenciais da Delegação Regional do CICV, foi a outra palestrante do dia e apresentou os conceitos e as práticas relacionadas ao programa "Acesso Mais Seguro" – protocolos para ajudar estruturas locais na mitigação de impactos da violência armada.

O próximo encontro, agendado para o dia 21 de outubro, contará com a participação de dois experientes jornalistas, Yan Boechat e Amanda Rossi, que abordarão a cobertura da imprensa brasileira de temas humanitários.

Boechat é jornalista e fotógrafo freelancer, que cobriu conflitos em diversas regiões nas últimas décadas, compartilhará suas experiências em áreas de conflito como Síria, Iraque, Líbano, Gaza, Afeganistão, Egito, Venezuela, Tunísia e Ucrânia. Amanda é repórter no Núcleo de Jornalismo Investigativo do UOL e diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Ambos já foram contemplados com o prêmio CICV de Cobertura Humanitária.

Direito Internacional Humanitário
O primeiro palestrante do módulo foi Tarciso dal Maso Jardim, renomado jurista especialista em Direito Internacional Humanitário e consultor Legislativo do Senado Federal. Em sua apresentação, realizada em 30 de setembro, ele abordou questões conceituais, marcos legais e outras questões relacionadas ao Direito Internacional Humanitário - ramo do Direito Internacional que governa os conflitos armados.

Também chamado de “Direito de Guerra” ou “Direito dos Conflitos Armados”, é baseado nas Convenções de Genebra e Haia, Protocolos Adicionais e em uma série de tratados que regem os meios e métodos de travar a guerra, bem como no direito consuetudinário - construção jurídica baseada em costumes a partir das tradições dos povos de determinado local e que passaram a ser aceitas como norma. Esse conjunto de normas procura limitar os efeitos dos conflitos armados: restringe os meios de combate - como armas, balas explosivas, armas químicas e biológicas, armas a laser cegantes – e os métodos de combate, tais como táticas militares. O DIH protege as pessoas que não participam ou que deixaram de participar das hostilidades, tais como civis, feridos e náufragos, doentes ou prisioneiros de guerra. As pessoas protegidas não devem ser atacadas, submetidas a maus-tratos físicos ou a tratamentos degradantes e os feridos e doentes devem ser recolhidos e tratados. Há normas específicas que se aplicam aos indivíduos que foram feitos prisioneiros ou detidos, como provisão de alimentação adequada, abrigo idôneo e garantias jurídicas.

Aula Magna

A 22ª edição do curso teve início no dia 23 de setembro com uma aula magna aberta aos 498 incritos e proferida por Daniel Munoz-Rojas, chefe de operações da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, sobre o trabalho do CICV no Brasil e no mundo e principais preocupações humanitárias.

Munoz-Rojas é psicológo social por formação, com bacharel pela Universidade do Chile e licenciatura e mestrado pela Universidade de Genebra. Possui também diploma em Estudos Avançados em Ação Humanitária e atua com o CICV desde 2001, tendo trabalhado em Genebra (sede) e também em diversos contextos operacionais como Sudão, Chile e Venezuela. Foi chefe de subdelegação na Colômbia, no Afeganistão e no Iraque. Sua última missão, antes de chegar ao Brasil, foi como chefe de escritório interino e chefe de operações da Delegação do CICV em Teerão, no Irã. Desde o início de 2023 atua como chefe de operações da Delegação Regional do CICV, em Brasília.

Sobre os cursos “Jornalismo em Guerra e Violência Armada”

Realizados desde 2001 pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha em parceria com a OBORÉ e apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, os cursos de complementação são voltados a estudantes de graduação em jornalismo de todo o Brasil. Neles, juristas, militares, policiais e jornalistas ministram conferências de imprensa e concedem entrevistas coletivas sobre Direito Internacional Humanitário, normas internacionais aplicáveis em situações de conflito armado e outras situações de violência e trabalho da imprensa nestes contextos. Além disso, apresentam ao grupo de estudantes o perfil da ação humanitária do CICV em cerca de 100 países.

O grande objetivo dos cursos é promover acesso aos principais temas que envolvem o trabalho humanitário do CICV – no mundo, no Cone Sul e no Brasil - e colaborar para que os futuros jornalistas com atuação na cobertura humanitária sejam, acima de tudo, profissionais capacitados, gerando, em decorrência, leitores mais bem informados.

As atividades são oferecidas no âmbito do Repórter do Futuro - projeto de formação iniciado em 1994 cuja proposta é complementar as práticas laboratoriais de alunos matriculados nos cursos de Jornalismo com foco no estímulo à prática reflexiva e no exercício da reportagem. O curso ‘Jornalismo em Guerra e Violência Armada’ tem periodicidade anual e, ao longo desses 22 anos, já colaborou na formação de cerca de 800 profissionais.

Sobre o Projeto Repórter do Futuro

Criado pela OBORÉ em 1994, o Repórter do Futuro oferece alternativas de autodesenvolvimento a estudantes universitários da graduação que querem aprofundar o conhecimento e a prática da reportagem - a alma do jornalismo. Sob esse guarda-chuva estão atividades de complementação universitária como cursos temáticos modulados, viagens de estudos e reportagens, ciclos de cinema, rodas de conversa com profissionais consagrados, entrevistas exclusivas e vivência em redações-laboratório.

A iniciativa, ancorada no pilar da prática reflexiva e na estratégia da Sala de Aula invertida, já mobilizou mais de 1.500 estudantes e jovens jornalistas nesses quase 30 anos. Conta com o apoio das coordenações dos principais cursos de jornalismo do país, de organizações expressivas da sociedade civil, profissionais de ponta do jornalismo e a participação de lideranças comunitárias, gestores públicos, especialistas, autoridades e personalidades do mundo político, acadêmico e cultural.
De acordo com relatos dos egressos, a iniciativa do PRF responde com vigor e sensibilidade aos desafios e expectativas de quem quer atuar profissionalmente no Jornalismo, integrando saberes que habitam dentro e fora da escola. Em 2017, o Repórter do Futuro foi agraciado com o Prêmio Contribuição ao Jornalismo oferecido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - Abraji.

Sobre a OBORÉ

Inspirada na experiência das cooperativas de trabalho, a OBORÉ nasce em 1978, em São Paulo, como forma de reunir jornalistas, cartunistas, fotógrafos, ilustradores, publicitários, cineastas, sociólogos e historiadores para assessorar os movimentos sociais e sindical de trabalhadores na organização de suas estruturas de comunicação. Assim, passa a atuar como produtora cultural, editora de livros, jornais, revistas e cartilhas e organizadora de eventos de formação e mobilização social. Atualmente, desenvolve atividades educativas como o Repórter do Futuro, consultorias em comunicação e gestão de projetos que dialogam com temas como Saúde, Educação, Cultura e Direitos Humanos. Saiba mais aqui.

SERVIÇO
Projeto Repórter do Futuro
22º Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada | 2023

PARA MAIS INFORMAÇÕES:
OBORÉ Projetos Especiais 11. 99320.0068 - www.obore.com
Comitê Internacional da Cruz Vermelha – CICV 61. 98186.2602 - www.icrc.org/pt

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